Ao longo da costa do Peru, e em outras áreas tropicais da América Central e do Sul, vive o membro mais incomodativo da família das pulgas — a tunga. No Peru, a tunga, ou bicho-de-pé, é conhecida como pique. As fêmeas fecundadas se grudam às patas do gado, tais como o bovino ou o suíno — ou das pessoas — e penetram no tecido mole entre os dedos, debaixo das unhas dos pés, ou qualquer outro local em que possam fixar-se.
A tunga se enfia sob a pele, deixando de fora a ponta de seu abdome. Seu aparelho respiratório, seu ânus e seu ovopositor (órgão de pôr ovos) ficam assim fora da vítima. Seu abdome então incha ao tamanho de pequena ervilha, em questão de dias, e logo passa a pôr milhares de ovos no solo. Quando a tunga por fim morre, ela permanece na ferida que formou em seu hospedeiro; isto pode provocar inflamação e, se não for cuidado, grave infecção, o tétano ou, o que é pior, a amputação do dedo do pé! Trata-se, contudo, duma ocorrência rara, uma vez que a presença do inseto é logo constatada e a vítima afligida prefere sofrer a dor da extração da inteira ferida, junto com seu causador, que tem forma dum pavio.
Dentre os quase um milhão de espécies de insetos já identificados e dotados de nomes por parte do homem, quantos conhece? Dentre os que conhece, pode explicar suas características? A idéia de pesquisar cabalmente esse assunto nos causa espanto. Mas, quão fascinante é este desafio!
Assim, da próxima vez que revirar uma pedra, enfiar uma pá no solo e ouvir um zumbido na brisa do ar, não se encolha diante dum inimigo em potencial — examine mais de perto um possível amigo. Ao fazê-lo, sem dúvida encontrará beleza, objetivo, talvez até alguma diversão, e bastante sabedoria para justificar um certo estudo e contemplação.
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