segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Homem Inclina-se Para o Autoderrotismo

Foi o próprio homem quem transtornou o equilíbrio na natureza e realizou a escalada da guerra. Ao abandonar sólidas práticas agrícolas de diversificação e rotação das safras, que impediam que as pragas se arraigassem firmemente e que conservava a resistência das plantas diante de pragas e doenças, ele preferiu recorrer a monoculturas maciças — o cultivo de uma única cultura numa grande área. Em busca de maiores safras, de aspecto mais atraente, ele criou “tipos” de plantas dotados de menor resistência natural às pragas. Novas safras, junto com novos insetos, foram introduzidos em países em que jamais tinham sido cultivados antes, mas sem seus inimigos naturais para controlá-los. Insetos que anteriormente eram mantidos sob controle passaram subitamente a dispor de condições que lhes permitiam multiplicar-se a taxas alarmantes. A batalha estava fugindo de controle, e os insetos a estavam ganhando!
O homem logo partiu em busca de novas armas. O alívio surgiu com um arsenal de pesticidas sintéticos. Aqueles matadores químicos de largo espectro, começando com o DDT, destruíram insetos em proporções prodigiosas. O homem pensou que, por fim, ganharia a guerra. Aumentaram dramaticamente as safras. Começaram a desaparecer as doenças veiculadas por insetos. A vitória parecia estar à vista e foi declarada como iminente.
Mas, em sua guerra de extermínio total, o homem matou tanto os inimigos como os amigos. Como se expressou certo cientista: “Quando matamos os inimigos naturais duma praga, herdamos o seu trabalho.” De súbito, livres de seus inimigos naturais, proliferaram em índices alarmantes. Outros insetos, previamente sem importância, juntaram-se às suas fileiras como pragas principais. Utilizaram-se substancial químicas mais potentes, porém. de novo. os insetos se rearrumaram e contra-atacaram. Verificou-se que alguns lavradores aspergiam suas safras até 50 vezes numa única época de crescimento, e, assim mesmo, ainda perdiam a metade da safra.
As substâncias químicas não só deixavam de erradicar os insetos, mas os insetos se tornavam imunes aos agentes químicos, e alguns até mesmo vicejaram com eles. Sua resistência aos pesticidas se tornou tão eficaz que os cientistas puderam nutrir moscas-domésticas com grandes doses de DDT sem elas sofrerem efeitos adversos aparentes. Ademais, as aves, tão úteis no controle dos insetos, estavam sendo mortas ao comerem os insetos, as sementes e as frutas envenenadas.
E estes venenos rapidamente ascenderam na cadeia alimentar, envenenando os peixes e impedindo que as aves se reproduzissem, transtornando a ecologia e apresentando-se, em crescentes dosagens, nos alimentos e na água do próprio homem. As armas químicas do homem voltavam-se contra ele próprio. “Superinsetos”, cerca de quatrocentas espécies de insetos resistentes a inseticidas, tornaram-se as tropas de choque de renovadas invasões entômicas, provocando avolumante disseminação de doenças para o homem. Os insetos ganhavam de novo a guerra.

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