segunda-feira, 24 de maio de 2010

O ciclo do pesticida

Para me ajudar a visualizar um dos problemas causados pelo uso de inseticidas químicos, Sandro diz: “Imagine um grupo de policiais perseguindo um bando de assaltantes de banco. Para escapar, os assaltantes correm para um prédio de escritórios bem movimentado. Visto que os bandidos se misturaram com a multidão, a polícia chama um helicóptero que lança bombas de gás no edifício. O gás mata não só os assaltantes, mas também os inocentes funcionários dos escritórios e os seguranças do edifício. Algo semelhante acontece quando o agricultor bombardeia a lavoura repetidas vezes com inseticidas potentes. Eles matam os insetos nocivos, os assaltantes, mas também destroem os úteis, os seguranças.”

“Pelo menos a colheita foi salva”, replico. Mas Sandro me explica que os pesticidas, se usados indiscriminadamente, desencadeiam um ciclo perigoso. Como assim? Alguns insetos sobrevivem à pulverização porque são resistentes a certos pesticidas. Acabam assim no meio de uma lavoura que não tem nenhum dos ‘seguranças’, ou insetos úteis — devido à pulverização feita pelo agricultor.

Com muito alimento e nenhum inimigo natural, a população de insetos resistentes ao inseticida aumenta rapidamente, o que força o agricultor a pulverizar de novo, talvez com um inseticida ainda mais forte. Em algumas regiões de cultivo de feijão na América do Sul, os agricultores têm de pulverizar toda semana. Qual é o resultado desse ciclo? “Quem semeia pesticida”, disse um agricultor, “colhe veneno”.

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